domingo, 15 de abril de 2012

a arte movimenta


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Sobre a obra de Nando Negreiros - por Daniel Medeiros

Às vezes parece que falta uma parte, ou uma parte de tudo que falta na realidade se reúne. Assim como nós, e como nós isso tudo se reúne...
Às vezes por nos prendermos tanto ao fato do que parece ser, esquecemos o que poderia ser, o que se tornará ou o que talvez é. Talvez não seja nada em um instante, mas de repente toda a possibilidade do que pode ser explode.
É assim a obra de Nando Negreiros: um vulcão que cria novos continentes, fossiliza o futuro e deixa marcas num passado que seremos. É isso mesmo: quase posso ver o retrato de toda nossa era sendo escavado antes de sermos enterrados e... é surpreendente!!! É pura premonição.
É assim como a lava que desce a montanha, como aquele que caminha, o olho que observa: presença, técnica, movimento, processo. Nos abraça, nos grita, dança, xinga, chora... Suas obras nos alertam: “há movimento”, “nem tudo é o que parece”, “pare ser?”...
E a realidade dança numa perfeição, nos mostrando que o ato de caminhar é o processo que mais exige nossa atenção: e que a técnica envolve-nos a cada passo dessa dança cósmica de transformação...